Archive for agosto 2013

Colar de prata roubado

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Isadora Otoni



Em uma rodoviária do litoral brasileiro, observei uma cena que me colocou para pensar. Um homem de uns 35 anos tentava vender um único colar, garantindo que era de prata verdadeira. Todo mundo sabia que era roubado. Acompanhada de seu filho adolescente, uma mulher que usava roupas humildes analisou o colar e acabou levando a peça por 10 reais.

Aquilo estava errado. Em toda a minha formação, aprendi que roubar é errado, que financiar o roubo é errado. Mas fiquei de mãos atadas. O que eu poderia dizer? Que alguém pode ter aquela corrente e seu filho não? Que eles não são merecedores de tais adornos? Que alguém trabalhou duro por aquele colar e ela não? Eu deveria também emendar uma lição sobre o porquê ela estava viajando de ônibus enquanto tantos outros viajavam de avião?

Aprendemos a julgar esse tipo de delitos sem antes entender o que leva as pessoas a cometerem-nos. Foi o mesmo processo com a divulgação do vídeo de uma mulher que gostaria de comprar uma calça de 300 reais para sua filha, usando o dinheiro do programa Bolsa Família. No Brasil (e em diversos outros países), acreditamos que a classe média merece mais que a população carente. Que só nós, estudantes de ótimas universidades, frequentadores de ótimas baladas e herdeiros de negócios da família, merecemos uma calça da Calvin Klein.

É tão fácil compreender esse tipo de injustiça que na época do sucesso do vídeo desacreditei na boa vontade dos meus contatos do Facebook. Ora, basta questionar: uma médica, uma advogada ou uma engenheira realmente trabalha mais que uma lavradora ou uma funcionária doméstica?

American Way of killing

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Isadora Otoni


4 milhões de vietnamitas. 140 mil em Hiroshima. 80 mil em Nagasaki. Qual o maior vilão do mundo? Hitler!


Qual o mecanismo usado pelos Estados Unidos? Que tipo de força conseguiu apagar a memória cotidiana do mundo sobre as vítimas de seus ataques? Como conseguem restaurar tão facilmente o papel de coitado? Descobrir as técnicas de publicidade usadas pelos funcionários da Casa Branca seria um grande acréscimo intelectual, mas dá medo. Digamos que o estudioso ou infiltrado nos meios seja tão egoísta quanto as autoridades estadunidenses: uma vez em posse de mecanismos tão efetivos, nada o impediria de transformar o mundo na Oceânia de George Orwell.

Teoria radical? Sim, com toda certeza. Afinal, aprendi que precisamos estabelecer contrapontos. Não seria o extremismo um contraponto ideal para as milhares de vidas que terminam radicalmente, até mesmo subitamente, em combates frívolos, por questões econômicas e ideológicas? Se querem chamar de mirabolante ou conspirador as teorias do filme Zeitgeist, por exemplo, tudo bem. Entretanto, não sei o porquê a ideia de que o próprio Estados Unidos exterminou 3.278 vidas nos ataques de 11 de Setembro seja tão incrédula, visto que o mesmo país não hesitou em dizimar toda a população de duas cidades japonesas.

Confesso que vocifero com muito mais fundamentos nos sentimentos do que no conhecimento. E se você é um grande conhecedor da causa, faça o grande favor de expor sua opinião. Posso ser cruel, mas não consigo tratar os judeus como as vítimas desse mundo, pelos não poucos 6 milhões de mortos na Alemanha nazista. O genocídio merece sim espaço na nossa memória, supostamente para que algo assim não se repita. Entretanto, o que acontece é estarrecedor: os injustiçados de outrora se aliaram aos grandes para torturar a Palestina.