Os anjinhos do capitalismo

Isadora Couto

Hoje eu estou revolts com o sistema. Eu não sei como uma pessoa consegue olhar para o socialismo, anarquismo, feudalismo, e qualquer outro sistema e julgar o capitalismo como o melhor. Baseado em que? Baseado na sua vida em frente ao computador enquanto uma criança morre de fome a cada 6 segundos na África? Esse exemplo pode ser clichê, mas você acha que está tudo certo quando sua empregada ganha um salário mínimo para sustentar 3 filhos enquanto seu pai ganha 15 mil para sustentar você?

Eu nunca me questionava sobre o nosso sistema, e simplesmente achava que era porque eu não tinha nada a acrescentar. Mas como vamos encontrar soluções se ignoramos os questionamentos mais básicos, como “Está funcionando?” e “Porque a miséria existe?”. É sim utopia pensar que um dia vamos encontrar a fórmula perfeita para a civilização, mas precisamos minimizar as consequências. Afinal, “todos nós somos escravos até que o último homem seja livre” e devemos assumir a responsabilidade por todos.

Um questionamento muito intenso nos últimos dias foi o por quê nos chocamos tanto com tragédias ocidentais (incêndio de Santa Maria, chacina de Realengo, ataque nas Torre Gêmeas) e esquecemos da violência causada pelo narcotráfico, das vítimas da fome e da exploração infantil. A resposta é simples: a identificação. O que acontece “próximo” a nossa realidade nos afeta mais, porque podemos ser as vítimas (e nunca nos sentimos os culpados). Mas é justamente isso que está tão errado. Se você convive com essas injustiças, aceita e não questiona, você é responsável por elas.

Você já comprou uma roupa na Zara, ou já adquiriu uma arma ilegalmente, ou desperdiçou um alimento que demorou horas para viajar até sua casa, ou consumiu alguma droga ilegal (incluindo bebidas falsificadas). E se você fez qualquer uma dessas coisas, você já financiou a morte, foi cúmplice da miséria e tirou vantagem da desgraça alheia. E então, vai continuar pensando em como você pode guardar mais grana para o Lollapalooza ou em como os mendigos da sua rua podem arrumar dinheiro para comer?





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4 Responses to “Os anjinhos do capitalismo”

  1. Você tem toda a razão! Faço trabalho voluntário a alguns anos e vez ou outra algum burguesinho me questiona o motivo, dizendo que isso não vai mudar a minha vida e, muito menos o mundo. Acho que o problema é justamente esse: pensar que tudo o que se faz deve que estar relacionado à você. E quem disse que não dá para mudar o mundo? Posso não mudar o dele, mas o das pessoas que eu faço de tudo para ajudar muda constantemente sim! É um egoismo tão grande que me dá até nojo!

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  2. Parabéns pela consciência, Luísa. Nem todo mundo tem sua disposição. Esse egocentrismo realmente dá nojo. Obrigada!

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  3. Pessoas vivas antes da revolução industrial = 500 milhões no mundo inteiro com baixíssimo padrão de vida. Após a Revolução Industrial = quase 7 bilhões com padrão de vida absurdamente melhor *mesmo nos países pobres*. A culpa da fome na áfrica não é do americano e mto menos do brasileiro...mas sim das ditaduras socialistas que sangram o povo africano. Quem diz as asneiras que vc disse no texto não entende um a sobre economia. você deveria pagar com a maconha...vc já nasceu burra, mas a maconha tá acabando com o pouco que resta da sua lucidez.

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  4. Esse anônimo de cima não passa de um imbecil. Nos países onde mais existe fome na África não existem ditaduras socialistas e sim países fragmentados por guerras coloniais geradas por disputas de mercado dentro do Capitalismo. A cereja no topo do bolo é esse conceito retardado de associar questionamento social com uso de maconha

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