Palhaços sanguinolentos

Nathália Giordano
  


Um dia desses alguns de meus amigos não quiseram sair, não aceitavam ir para nenhum lugar que não passasse a luta. Meus amigos preferiram ver a luta a dançar, preferiram ver homens sangrando a assistir um filme de comédia no cinema.

A correnteza está puxando e pede para que todos se unam nesse vício podre. Bem vindos à Roma do século I, bem vindos ao circo de 2013, que vergonha! Lutas de gladiadores sanguinolentos rolando solta na televisão em contraste com os avanços da medicina e cuidados com o corpo.

Médicos desenvolvem pesquisas sobre a consequência mental e física em longo prazo desses “atletas” e os resultados nunca foram devidamente divulgados. Falta um pouco de bom senso se o público não reflete sobre isso, as lutas são recheadas de golpes violentos e difíceis de assistir sem fechar os olhos, os homens com as orelhas deformadas e o rosto sangrando. Como poderia um “esporte” como esse não fazer mal à saúde? Saúde física daqueles que estão no ringue e mental dos que assistem pelo sofá de casa e espalham pelo seu lar essa energia ruim.

Não coloquei uma imagem mais ilustrativa porque não quis sujar o meu blog

Olhando as notícias sobre o UFC só nos resta lamentar, cada vez mais as manchetes noticiam o ser humano se autodestruindo. Nosso instinto é buscar a sobrevivência, nos manter vivos e saudáveis. Aí ligo a TV e vejo dois homens se batendo até cair.

No R7: “Joe Lauzon recebe lona ensanguentada
como prêmio após duelo histórico no UFC. 
Americano apanhou muito de Jim Miller, mas mostrou raça para permanecer no combate”

Onde está o mérito? Mostrou raça para continuar no combate? Raça é estudar para salvar vidas, raça é qualquer outra coisa, mas jamais ser irresponsável e tolo de se manter num ringue com o seu sangue sujando o chão.

No site Terra: "Alistair Overeem diz que destruirá Pezão no UFC 156"
Eu teria vergonha em dizer isso, sujar minhas mãos com o sangue de alguém. A troco de nada? Não é a luta contra a ditadura, é a luta vazia de significados, somente para sujar a lona e ganhar uns milhões, enquanto a geral vira a madrugada para ver uma briga de galo.

Assistindo “Django Livre” percebi que nossa sociedade se desenvolveu tanto e ao mesmo tempo em alguns momentos sinto que estamos parados no tempo. O filme mostra uma cena em que Calvin Candle (Leonardo DiCaprio) coloca seus escravos para lutarem entre si e somente um poderia sair vivo. É matar ou morrer. E essa cena não perde para o UFC, a única diferença é que hoje eles podem sair quase vivos.





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